15 de dez. de 2012

Ivo não viu a uva

...Nem Eva viu a vovó.
Li recentemente uma entrevista com Michael Kirst, Presidente do Conselho de Educação da Califórnia, que anda às voltas com um novo currículo para a escola básica americana. Dentre outras críticas, sublinhei esta: "... a maior falha dos alunos americanos, ao entrar na faculdade, é na leitura e na escrita. Nessa área, vamos pior ainda que em matemática".
Se os americanos estão mal, como estamos nós?
Todos vocês já devem ter assistido ao Jô Soares, onde ele, por vezes, lê as barbaridades supostamente extraídas de provas de vestibulandos brasileiros. Se esses relatos são reais ou apenas peças humorísticas, pouco importa. Se já virou piada, a coisa é séria!
Sobre essa questão, levo a vocês, nas minhas próprias palavras, comentários do professor Pasquale Neto.
São cada vez mais comuns, nos concursos vestibulares, questões em que a teoria para responder corretamente a pergunta formulada está no próprio enunciado da questão. Basta ler e interpretar com atenção. Mas muitos candidatos erram! Talvez por falta de vocabulário: não entendem/não sabem o sentido de uma ou outra palavra e por isso perdem a "dica" do enunciado. Na verdade, essas questões não pretendem avaliar o que o candidato sabe de gramática, mas sua maturidade para leitura e interpretação.
Durante anos, na minha experiência de pai e avô e eventual explicador de Português, Matemática e outras disciplinas, para filhos e netos - meus e de outros – cheguei a igual constatação: vai mal o aprendizado do idioma pátrio.
Uma criança, nem tão pequena, 10/12 anos, tem dificuldade de interpretar um texto simples e curto. Um período com uma frase, ela entende; com duas, ainda consegue captar o sentido; com três frases, coordenadas ou subordinadas, perde-se totalmente. E muitas vezes, se está tentando resolver uma questão de matemática, fracassa porque não consegue interpretar o enunciado do problema proposto. Ela nem chega à matemática, que é outra história, já empaca na linguagem!
A linguagem é básica e essencial para todos os outros conteúdos. O próprio pensamento, o raciocínio, depende do suporte linguístico, sem o qual nenhuma ideia se formaliza.
A educação de qualidade pressupõe, portanto, o manejo eficaz do idioma, sem o qual tudo o mais fica comprometido.

 

 

 

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